Fusões e aquisições
Wed, Feb 14, 2024
Num contexto global de intensa incerteza geopolítica, eleições altamente contenciosas nos EUA e ao redor do mundo, tendências econômicas divergentes e imperativos regulamentares em evolução, 2024 deverá ser um ano de riscos, mas também, de oportunidades elevadas. Os especialistas da Kroll compartilham as dez principais tendências que estão moldando os mercados financeiros, o ambiente regulatório e de governança, o compliance, e a segurança cibernética. Tanto para empresas quanto para investidores, os principais temas giram em torno da navegação na complexidade, da aceitação da incerteza e da ênfase na importância da vigilância e da responsabilização.
Em um cenário de ameaças cibernéticas em constante evolução, espera-se um uso aprimorado da inteligência artificial (IA) em ambos ataques e defesas cibernéticos, crescentes ataques às cadeias de fornecimento de software – e ataques de ransomware mais sofisticados e direcionados. Agentes de ameaças continuarão a explorar vulnerabilidades Zero-day e One-day e terão como alvo o trabalho remoto e a infraestrutura associada a ele. O Business Email Compromise (BEC) continuará a representar uma ameaça para todas as organizações e a segurança na nuvem se tornará cada vez mais complexa à medida que mais organizações migrarem para soluções baseadas na nuvem. O compliance regulatório e a privacidade de dados serão ainda mais importantes. Com tantas áreas de foco de risco, a necessidade de vigilância e de estratégias eficazes de segurança cibernética será maior do que nunca.
Saiba mais: Case Study: Office 365 BEC Investigation, 2024 Cyber Horizon
Avaliações das empresas de capital aberto nos EUA e em alguns mercados europeus atingiram máximos históricos e os lucros das empresas permanecem em níveis historicamente elevados. A economia global surpreendeu positivamente a maioria dos analistas durante 2023, em parte pela resiliência dos EUA e por um, mais rápido que o esperado, declínio nos preços da energia a nível mundial. Embora se espere que o crescimento global em 2024 desacelere, parece estar surgindo uma via dupla, com determinados mercados avançando e determinadas economias avançadas ainda tropeçando. A recuperação global não será homogênea.
Neste contexto, uma economia “de correnteza” espreita logo abaixo da superfície, no enorme, mas menos visível, segmento do mercado privado, que ainda está altamente alavancado. A combinação deste ambiente de incertezas com disponibilidade de capital anuncia mais reestruturações futuras e redefinições de valor que podem criar repercussões econômicas significativas. A turbulência política do ano eleitoral (em âmbito global) e os fatores de volatilidade do mercado só aumentam a incerteza, ressaltando a importância de navegar com eficácia pela complexidade e o imperativo de informações de qualidade, principalmente em relação à diligência e à avaliação.
Saiba mais: Valuation Outlook Insights
A velocidade de desenvolvimento da IA provavelmente se acelerará, com um impacto profundo em todos os setores. A IA será uma ferramenta crucial na gestão de riscos, ajudando a detectar e prevenir problemas, desde crimes cibernéticos a irregularidades financeiras, ao mesmo tempo que apresenta o seu próprio conjunto de riscos. Os reguladores estarão lutando para acompanhar. O acordo preliminar da União Europeia (UE) sobre a regulamentação abrangente da IA e as regras iniciais propostas pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) relacionadas à IA são apenas a ponta do iceberg das mudanças regulatórias iminentes. Riscos de IA não mitigados e não controlados podem expor consultores de investimentos e prestadores de serviços financeiros a responsabilidades de reputação, enforcement e inspeção em uma ampla gama de preocupações regulatórias relacionadas à IA. CCOs e responsáveis pelo compliance precisam tomar medidas agora para compreender os riscos da IA e como mitigar o risco de não conformidade ao adotar ferramentas de IA nas operações no local de trabalho.
Saiba mais: AI Risks and Compliance Strategies
Embora a sigla ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance) tenha se tornado uma palavra de ordem politicamente controversa, especialmente nos EUA, o ímpeto regulatório em torno de uma maior divulgação e regulamentação de ESG permanece forte. Nos EUA, a SEC está relutante em ceder sua estrutura regulatória inteiramente à regulamentação da UE, enquanto na UE, a Comissão Europeia e a Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) continuam a promover a regulamentação e os requisitos com foco em ESG. Na América Latina, vários países procuram regular os mercados de carbono da região e, na Ásia-Pacífico, os requisitos e regulamentações de relatórios em torno de fatores ESG estão sendo aprimorados.
Espera-se que os novos requisitos dos Conselhos Internacionais de Normas de Avaliação (IVSC) e do Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB) tenham impacto nas empresas a nível global, o que aumentará a complexidade e a necessidade de coordenação com vários requisitos específicos de cada país. Enquanto navegam pela controvérsia política, as empresas e os fundos terão de lidar com considerações de ESG, desde regras contra o greenwashing e exigências contraditórias dos investidores até novos requisitos de relatórios financeiros e de compliance, à medida que a fiscalização é intensificada e os litígios aumentam. Ao mesmo tempo, um investimento significativo fluirá para veículos de transição energética e financiamento verde, criando oportunidades para empresas e investidores bem posicionados para aproveitar incentivos fiscais e outros incentivos relacionados.
Saiba mais: ESG and Global Investor Returns Study, Challenges with ESG Reporting and Transparency
Depois que o Banco Central dos EUA, o Federal Reserve, aumentou agressivamente as taxas de juros em 2022 e 2023 para conter a inflação, os mercados financeiros estão prevendo cortes significativos nas taxas para 2024. Embora as taxas tenham provavelmente atingido o seu pico, o Fed irá exercer cautela com o momento e o ritmo para evitar uma redução prematura que poderia reacender a inflação. Os bancos centrais do Reino Unido e da zona euro estão seguindo o exemplo dos EUA.
Mesmo com alguns cortes nas taxas, se as taxas de juros permanecerem elevadas durante um período prolongado, é provável que em 2024 haja um aumento da atividade de reestruturação. Com um volume significativo de dívidas vencendo no curto prazo, mais empresas precisarão re-otimizar as suas estruturas de capital para obter nova liquidez e desalavancagem, o que levará a uma quantidade considerável de dificuldades – principalmente nos segmentos altamente alavancados do mercado. Se não for possível realizar reestruturações/refinanciamentos de forma consensual, a atividade provavelmente será facilitada por meio de um maior uso do processo de falência. Mesmo com a melhoria das condições gerais do mercado, espera-se ver mais reestruturações de dívidas, vendas forçadas e pedidos de concordata.
Saiba mais: Restructuring Insights
As expectativas de que as taxas de juros atingiram seu pico e cairão em 2024 melhoraram significativamente as perspectivas para as fusões e aquisições. O otimismo também melhorou na Ásia-Pacífico, Europa e América Latina.
Compradores estratégicos permanecem bem capitalizados e mantêm apetite para aquisições sinérgicas. O resultado será um mercado de fusões e aquisições muito mais aquecido. É provável que os retornos que serão obtidos no final sejam menores do que nos anos anteriores, principalmente devido às taxas de empréstimo mais altas. Com os retornos reduzidos, as notas de avaliação dos gestores serão provavelmente examinadas meticulosamente. As oportunidades de saída continuam a ser um desafio, com os mercados de IPO mais lentos e os investidores, mais seletivos, concentrados nas empresas com perspectivas mais sólidas de lucratividade.
Saiba mais: M&A Insights
Taxas de juros e custo do capital permanecem significativamente mais altos que histórico e particularmente mais altos que com o início do surto de COVID-19. Recentemente, à medida que a incerteza das taxas de juros diminuiu e o cenário de uma “aterrissagem suave” é considerado, a confiança dos investidores aumentou.
Embora os mercados ainda possam passar por uma montanha-russa enquanto aguardam a estabilização e novo patamar para as taxas de juros, o fortalecimento contínuo dos gastos dos consumidores e dos mercados de trabalho, juntamente com uma melhoria esperada no crescimento dos lucros, levará os mercados acionários a testar novos máximos. Esta atitude de risco significa que o prêmio de risco de investimentos no mercado de capitais provavelmente diminuirá. Mesmo que as taxas de juros permaneçam mais altas por mais tempo do que alguns preveem, uma maior certeza sobre a perspectiva da taxa de juros pode se traduzir em um prêmio de risco de investimentos no mercado de capitais mais baixo. No entanto, um cenário de taxas de juro ultrabaixas não está previsto para 2024, e o custo global do capital deverá permanecer elevado.
Saiba mais: The New Normal: Cost of Capital in a Higher-Interest-Rate Environment, Recommended Equity Risk Premium and Corresponding Risk Free Rates
Anteriormente reservados a investidores com património líquido muito elevado, os capitais privados e outros investimentos alternativos estão agora mais acessíveis aos investidores de varejo. Embora a “varejização” tenha sido mais um fenômeno dos EUA, as suas implicações são globais, uma vez que o influxo de fundos de varejo em capitais privados sujeita todo o setor a um exame mais minucioso.
Nos centros financeiros da Ásia-Pacífico, há um maior escrutínio por parte dos órgãos reguladores, conselhos de administração e sócios limitados sobre a avaliação de investimentos por fundos de investimento alternativos. É provável que o resultado seja a necessidade de avaliações mais oportunas e mais frequentes ou opiniões externas e uma ênfase ainda maior na governança.
Saiba mais: When and How Will Private Investment Structures Find Their Way to Mainstreet?, Outlook shaping alternative asset valuation, Twenty–Three Potential Compliance Pitfalls in the SEC’s New Private Fund Rules
Tradicionalmente, em questões relacionadas à governança e supervisão corporativas, a SEC dirigia grande parte das suas atividades e comunicações aos diretores de compliance. Isso está mudando e a SEC está direcionado cada vez mais as suas mensagens e ações para os altos escalões da diretoria executiva, não só para aumentar a responsabilização, mas também para garantir que o compliance tenha recursos completos e adequados, tanto em termos de capital humano quanto de sistemas. Para os CEOs e outros diretores, a negação plausível quando se trata de questões de compliance não é mais uma opção. Este movimento é global e não terá qualquer retração.
Saiba mais: Thirteen Questions Every CEO of an SEC-Registered Entity Should Ask
Embora nos últimos anos as violações da Lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA) tenham atraído a maior parte da atenção e das penalidades, no atual ambiente geopolítico, é cada vez mais provável que a evasão a sanções seja o foco dos promotores criminais e civis.
A história recente mostra que o uso de sanções e restrições à exportação transcende as administrações e só se intensificou desde a guerra na Ucrânia. As empresas que não cumprem as regras enfrentam imensas consequências financeiras e de reputação. Em um ambiente em constante mudança, navegar pelo complexo mundo do cumprimento de sanções é um desafio significativo para as empresas multinacionais, com imensos riscos potenciais financeiros e de reputação.
Saiba mais: The Future of Sanctions Compliance Programs: Navigating the Challenges of a Complex Global Landscape
Avaliação de empresas, ativos e investimentos alternativos para fins contábeis, fiscais entre outros.
A equipe de Corporate Finance da Kroll assessora empresas e seus acionistas em todas as etapas de um processo de Fusões e Aquisições (M&A) em posicionamento comprador, vendedor ou de captação de recursos.
Implementação de políticas e controles, monitoramento de riscos e prevenção à lavagem de dinheiro.
Gerenciamento de riscos de segurança física e patrimonial, de acordo com a necessidade do cliente.
Consultoria em segurança cibernética, de avaliações de risco das informações a testes de penetração.
Due diligences reputacionais, com acesso a informações nacionais e internacionais.